Radioterapia enfrenta falta de mão de obra capacitada e aparelhos modernos

06/04/2013 16:23

Uma das ferramentas mais potentes contra o câncer é aradioterapia. A técnica é necessária para tratar 60% dos casos de tumores malignos diagnosticados, inclusive aqueles mais prevalentes no país, como os de próstata e de mama. Esse procedimento permitiu, por exemplo, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitasse uma cirurgia, o que poderia comprometer sua capacidade de falar.

“A percepção de que a radioterapia é apenas um tratamento paliativo não corresponde à realidade. Casos de câncer de laringe, de colo uterino e de pulmão, por exemplo, em estágio inicial, podem ser totalmente curados utilizando apenas a radioterapia,” afirma Robson Ferrigno, radio-oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein e presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT).

No entanto, 85 mil pacientes não vão conseguir se submeter à radioterapia neste ano no Brasil. E aqueles que o fizerem terão de esperar em média mais de 110 dias para iniciar as sessões. No Reino Unido, por exemplo, 99% das pessoas com câncer iniciam o tratamento em até 28 dias após o diagnóstico da doença. Mesmo a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendando uma máquina de megavoltagem — o acelerador linear — para cada 600 mil habitantes, no Brasil, com uma população estimada em 200 milhões de pessoas, há 230 máquinas — o indicado seriam 335. Há 30 em Minas Gerais, mas seriam necessárias 42. Amapá e Roraima, no Norte do país, não têm nenhuma máquina para atender a população. Outro problema é a concentração desses aparelhos nas capitais.